terça-feira, 27 de novembro de 2012

Espiritos que lutam contra a humanidade - Ajogun


Ajogun

Espiritos que lutam contra a humanidade


À primeira vista, muitos se apavoram em saber da existência de espíritos malignos que podem nos prejudicar. É fato que eles atrapalham a vida das pessoas, mas na concepção Yorùbá, esses espíritos fazem com que exista o equilíbrio natural, a simetria entre mundos e poderes. Isso é evidenciado, por exemplo, no jogo do Obì, no qual existe uma caída que reflete a harmonia perfeita, na qual duas faces internas do Obì caem voltadas para baixo e duas para cima, sendo que os sexos dos gomos do Obì caem divididos para baixo e para cima harmoniosamente. Na cultura dos Òrìsàs essa caída representa a simetria perfeita, pois o negativo e positivo estão em consonância, bem como o feminino e masculino. Dessa forma, embora malignos e terríveis, a existência dos Ajogun motiva as energias positivas a circularem no mundo. Essas energias positivas são estimuladas por meio dos sacrifícios (Ebó) que são prescritos por Sacerdotes, que o revelam por meio do oráculo. Os Ajogun são forças muito negativas, que tem como objetivo causar doenças, acidentes, brigas, discórdias. Por isso, quando há sacrifícios, é comum cantarmos pedindo para que a água (elemento mais puro e benéfico que existe) cubra e mate as discórdias (bomi pa ejo), cubra e mate as doenças (bomi pa arun), cubra e mate as maldições (bomi pa epe), etc. Em verdade, estamos pedindo para que a água cubra e mate os poderes malignos do mundo, os Ajogun. Diferente das Divindades que moram nos espaços do Orùn, regressando ao aye por meio da manifestação, os Ajogun moram no Aye e não no orùn. Isso acontece, pois os Ajogun não conseguiram causar males no mundo dos Deuses. Ou seja, os Ajogun moram no aye, pois aqui, diferente do orùn, eles conseguem espalhar os males de forma indiscriminada.Os Ajogun estão sempre à espreita, esperando um momento adequado para atuar. Por isso, é muito importante que as pessoas sempre se cuidem, por meio de oferendas, banhos e o que mais for necessário, conforme prescrição do Sacerdote. Quando algo de ruim surge no mundo, por exemplo, uma nova doença, isso certamente foi motivado por Ajogun, entretanto, quando uma grande descoberta em benefício à sociedade surge, foi motivada pelas forças positivas que sempre prevaleceram, como os Òrìsàs. Por diversas vezes, já discorremos sobre a importância da realização dos sacríficios prescritos, sobre a importância de não quebrar tabus (Ewó), uma das razões para termos falado bastante sobre esses temas, foi justamente para se entender que essas ações atacam os poderes dos Ajogun. Quando, por exemplo, uma pessoa quebra um Ewó, ela está ajudando e dando forças ao Ajogun. O mesmo ocorre quando o sacerdote prescreve um sacrifício que é negligenciado, a pessoa está dando forças ao Ajogun. Nós do Terreiro de Òsùmàrè, esperamos uma vez mais, ter contribuido para o esclarecimento dos temas relacionados a nossa crença.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Reencarnação existe ou não?




Reencarnação existe ou não?
"Se acharmos que uma grande desgraça nos espera, certamente veremos o que vier a ocorrer como uma desgraça. Se estivermos aguardando por um momento de iluminação, de expansão da consciência, provavelmente é isso que provaremos. Se acharmos que tudo é história da carochinha e que nada mudará, provavelmente nossos olhos não conseguirão enxergar nenhuma mudança verdadeira. Em qualquer circunstância, pode-se dizer que o nosso padrão de pensamento cria a nossa realidade. Tudo o que vivenciamos é interpretado e decodificado a partir das crenças e ideias que alimentamos a respeito. Por exemplo, diante da mesma afirmação da Bíblia, em questões extremamente controvertidas em que católicos, protestantes e espíritas pensam de forma diametralmente oposta, todos eles defendem, com total honestidade, a ideia de que no que está dito em determinada passagem (a mesma para todos) está precisamente a prova de que eles estão certos e os outros errados. E cada um deles acredita piamente nisso. Assim, é possível que talvez não exista "realidade" e "verdade" como algo absoluto. No nosso mundo físico, material, toda e qualquer realidade é relativa, e não há como dissociá-la do referencial a partir do qual ela é vista. Hoje sabemos que a matéria como algo sólido não existe, no entanto ela é absolutamente real aos nosso sentidos. A nossa verdade, por exemplo, é que para nós o mundo é colorido, a verdade do cachorro é que o mundo é preto e branco, a verdade do inseto é que o mundo é quadriculado. Animais que enxergam cores fora do nosso espectro veem um mundo em cores para nós inexistentes. É duvidosa a existência de um mundo "absoluto" e, como seres humanos, jamais saberemos se existe e, em caso positivo, como seria, pois vivemos no mundo que podemos e que acreditamos conhecer. Durante o sonho, o sonho não é real? E muitas vezes, não mudamos os contextos, no sonho, ao nosso bel prazer? Do mesmo modo, durante a nossa vida, a vida é real para nós, e dela fazemos o que queremos, já que não temos como contrastá-la simultaneamente com qualquer "outra realidade". Isso se estende muito além do mundo captado pelos sentidos físicos. Estende-se ao mundo do conhecimento, das ideias, das crenças e da imaginação. Estende-se à totalidade do nosso ser, daquilo que ele pensa que é, e do mundo em que ele pensa que está. Em sentido absoluto, nada sabemos. Como dizia Sócrates, "o meu único saber é que sei que nada sei". Admitir isso significa fazer o que a física quântica hoje está fazendo: abrir-se para toda e qualquer possibilidade, sem excluir nenhuma, já que tudo aquilo que nossa mente excluir, excluído estará, ipso facto, do nosso universo pessoal de possibilidades. Por que e para que nos limitarmos? Alguns dirão: para não enlouquecermos. Mas não seria uma loucura maior fecharmos tantas portas mentais, a priori, impedindo que uma série de "realidades" possa ocorrer conosco, já que as expurgamos desde logo do campo dos pensamentos das "possibilidades possíveis"? Acaso é possível, fora do universo físico que conhecemos, afirmar a existência de "possibilidades impossíveis"? Claro que essa visão constitui abominação para qualquer religião, já que toda religião tem a pretensão de nos oferecer um pacote de "verdades absolutas". E nem poderia ser diferente, já que toda religião foi criada e organizada por homens, embora estes sempre se atribuam a condição de arautos do próprio Criador. Se o ser humano se levasse menos a sério e fosse menos obcecado pela "verdade", talvez ele conseguisse experienciar um campo de "realidade" muito maior, se permitindo tangenciar "realidades" bem mais interessantes e criativas das que ele se permite "conhecer". Assim como os budistas dizem que a única coisa permanente é a impermanência, parece fazer todo sentido dizer que a única coisa absoluta, para o ser humano, é a total relativização ou, se se preferir, que a única verdade, para o ser humano, é a ilusão. Já Orixalistas não creem em reencarnação, creem no retorno contínuo da nossa energia advinda de uma energia matriz. Ao me perguntar sobre a reencarnação, eu disse que, provavelmente, os que acreditassem nela reencarnariam, ou achariam que reencarnariam, e os que não acreditassem, não reencarnariam, ou assim achariam. Concordo que parece um discurso totalmente absurdo, Mas talvez não necessariamente o seja. O verdadeiro alcance e a magnitude da célebre advertência: "Assim como creres, assim será", talvez seja bem mais literal e infinitamente mais amplo do que se possa supor." Façam uma reflexão gradativa e sem apegos e sem documentos superiores, sejam idônios, pois é fácil saber o que vamos fazer amanhã. 

Parte do texto copilado da Internet, adaptado e organizado.